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Psicóloga, formada pela FUMEC, com inscrição no CRP 04/34263. Formação em Psicoterapia Familiar Sistêmica,Terapia Ericksoniana / Hipnoterapia e Sexologia Clínica. Pós-Graduação em TCC- Infância e Adolescência. Formação em Terapia de Esquemas. Co- fundadora da PerCursos. Atua com psicoterapias individuais, de casais e famílias.Atualmente Psicóloga em consultório particular em BH e atendimentos on-lines. Colunista do Jornal Gazeta de Minas em Oliveira e Jornal A Noticia em Carmo da Mata. Ministrante de palestras em escolas e empresas.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Trabalho x Lazer

A aceitação ativa dos opostos é a base de todo equilíbrio humano. Nosso mundo é dual: dia e noite, bom e ruim, nascimento e morte, luta e fuga e assim por diante. O lado paterno, lado direito que representa o trabalho, a conquista, o esforço, o social, as obrigações, o árduo da vida e o lado esquerdo que é o afeto, o lazer, o materno, a poesia, o descanso e o amor.

Historicamente esses dois lados sempre estiveram em luta. Na Grécia antiga só as classes baixas trabalhavam e eram mal vistas. Na revolução industrial o trabalho foi exigido como o principal valor social e o lazer passou a ser considerado ruim, apenas tolerado para dar ao corpo energia para o trabalho.

Recentemente, as atividades lúdicas voltaram a ter valor e busca-se um equilíbrio entre as duas estruturações do tempo humano: o trabalho e o descanso. Por formação familiar e social, algumas pessoas supervalorizam um dos lados, gerando um desequilíbrio psicológico nas suas vidas. Muitos conhecem a síndrome da segunda-feira que sucumbe milhares de pessoas, no domingo, ao imaginarem o iminente acordar e recomeçar as lides semanais no trabalho, cheio de rotinas, stress e obrigações.

O leitor acima sofre de outra síndrome antagônica a essa que é o “pânico do lazer”. Milhares de pessoas também sofrem desse mal. Para elas o tempo destinado ao lazer, como férias, feriados, fins de semana ou qualquer dia sem trabalho, vem acompanhado de sintomas emocionais de stress, angústia e crises de ansiedade. Em estado de movimento operativo essas pessoas se sentem bem do ponto de vista físico e quando param o trabalho começam a surgir os problemas.

Atrás desse comportamento existem dois conteúdos psicológicos. A compulsividade e o perfeccionismo. O trabalho, nesse caso, funciona como objeto de compulsão, assim como em outras pessoas é o comer, o comprar, o limpar ou o transar e serve para esconder e driblar numa angústia e depressão não consentidas e, portanto, não tratadas. Pessoas assim são estressadas e ansiosas e por isso mesmo, trabalham mais que dez horas por dia, tem dificuldade em delegar tarefas para seus empregados por seu traço de perfeição que os leva a imaginar que ninguém fará o trabalho melhor que ele. E isso serve também de racionalização para seu comportamento nada racional.

O medo de fracassar e uma tentativa de controlar o futuro podem estar também atrás dessa aversão ao lazer. A frase americana “time is money” (tempo é dinheiro) assim como a famosa fábula de La Fontaine, a formiga e a cigarra são incentivadores culturais para a manutenção desse comportamento. E o que agrava é que a pessoa acometida por esse desvio imagina ser impossível um equilíbrio que lhe permita viver bem no trabalho e fora dele. Por outro lado encontramos muitas pessoas que conseguiram uma harmonia entre seus lados.

Inúmeros executivos, assoberbados com suas tarefas empresariais, aprenderam e conseguiram um estilo de vida que lhes permite viver com a família, desenvolver hobbys relaxantes e levar a sério o lado engraçado da vida.

A antiga pergunta popular: Você trabalha para viver ou vive para trabalhar? Ou então: Você veio a este mundo a passeio ou a negócios? Podem servir de reflexão para aqueles que precisam mudar seu comportamento obsessivo para o trabalho.

Se queremos uma melhor qualidade de vida, se desejamos evitar o descontrole de ansiedade, tal como o stress agudo ou a depressão profunda, temos de buscar o saudável equilíbrio entre o repouso e o trabalho. Em casos mais graves a solução é procurar tratamento com especialistas emocionais e paralelamente se dedicar a atividades que reeduquem seu corpo para o relaxamento: exercícios físicos, meditação, ioga, massagens, oração, podem ajudar no relaxamento e desligamento do trabalho.

No início será um pouco penoso, mas com o tempo o corpo descobrirá o prazer que estava perdendo e aprenderá a gostar de trabalhar e brincar, síntese básica para a verdadeira felicidade.

Antônio Roberto
Publicado Coluna Bem Viver do Jornal Estado de Minas

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