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Psicóloga, formada pela FUMEC, com inscrição no CRP 04/34263. Formação em Psicoterapia Familiar Sistêmica,Terapia Ericksoniana / Hipnoterapia e Sexologia Clínica. Pós-Graduação em TCC- Infância e Adolescência. Formação em Terapia de Esquemas. Co- fundadora da PerCursos. Atua com psicoterapias individuais, de casais e famílias.Atualmente Psicóloga em consultório particular em BH e atendimentos on-lines. Colunista do Jornal Gazeta de Minas em Oliveira e Jornal A Noticia em Carmo da Mata. Ministrante de palestras em escolas e empresas.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Espírito Natalino


O Natal é uma época iluminada em que todos sabem que comemoramos o nascimento de Jesus.

Ao longo da minha vida vim escutando frases que falam sobre o significado do Natal: “ momento de renovarmos os melhores sentimentos( amor, carinho, afeto, ternura, solidariedade) ou época de aproveitar e agradecer a Deus por todas as conquistas de nossas vidas e, ainda, o significado do Natal não está nos presentes, mas no verdadeiro amor que podemos compartilhar com o próximo.” Eu poderia escrever mais de cinco folhas sobre os vários significados que ouvimos sobre o Natal. Mas, de verdade, são esses significados que vem se destacando nesses últimos anos no mês de dezembro?

De fato o que eu sinto, pode não ser a verdade, que vem acontecendo ao longo do mês natalino um consumismo exagerado, são muitas mensagens nas caixas de e-mails, mil propagandas na TV e presentes. Será que está sobrando tempo para refletirmos sobre o Espírito do Natal. Mas o que seria o Espírito de Natal?

Quando me proponho a falar do Espírito de Natal não quero me contrapor às compras, presentes, e-mails e mensagens, que são válidas, mas falo de integrar a tudo isso algo mais.
Se me proponho trazer algumas ideias sobre Espírito Natalino em que celebramos o nascimento, como falar do nascimento sem falar da morte?

Lendo um texto de um autor desconhecido me chamou a atenção quando falava: “Nós estamos acostumados a ligar a palavra morte à ausência de vida e isso é um erro. Existem outros tipos de morte e precisamos morrer todos os dias. A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente, não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma, não existe borboleta sem a morte da lagarta, isso é óbvio. A morte nada mais é do que o ponto de partida para o inicio de algo novo...” Sei o quanto é difícil pensarmos na morte, mas aqui quero propor outra reflexão a respeito deste tema.

Assim o que queremos que nasça de novo em nós? O que me proponho de novo para o próximo ano? O que em mim precisará morrer? Que avaliação eu faço do meu ano de 2012? O quanto me responsabilizei pelas minhas dores, tristezas, perdas, mas pelas minhas conquistas, alegrias e aprendizagens também neste ano que termina?

O Natal permiti agradecer não só a Deus, mas a nós mesmos, saber muitas vezes nos amar, nos deixar em paz e reconhecer quantas coisas conseguimos, já que tantas vezes nos torturamos e machucamos exigindo da gente coisas que não são possíveis, pelo menos num dado momento, querendo ter o controle de tudo e dos outros , fazer tudo e, claro, ser perfeitos.

Será Natal quando somos sinceros e gratos com a gente e com o outro. Agradecer, também, pelos nossos erros que trouxeram aprendizados.
Há de ser Natal quando deixamos algumas coisas morrerem para nascerem outras, permitindo- nos tornar a cada dia seres mais humanizados sabendo doar, receber agradecer e pedir

Há de ser Natal quando entramos pela nossa chaminé e começamos a nos deliciar com os nossos diversos sabores sem perder de vista os sabores amargos, azedos e apimentados, porque assim deixamos o outro livre (parceiros, filhos, pais, colegas de trabalho, amigos) para saborear o que é deles e não tentaremos aprisiona-los e querer que eles sintam dos nossos sabores. O outro é livre e tem a sua história, crenças e valores.

Assim poderemos sentir o Espírito Natalino do respeito, compaixão, paz, amor e liberdade em nós mesmos e com o outro.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Atração e Perseguição

Se você está perseguindo algo, é porque esse algo está fugindo de você. Será que algum dia você vai conseguir alcançar?
Que tal inverter as coisas e, ao invés de perseguir algo, atraí-lo para você?

Quando você está perseguindo, seu foco se concentra no objeto da caçada, seja dinheiro, carreira, uma outra pessoa ou o que for. Isso pode ser muito frustrante, porque você terá todo seu foco em fatores externos, coisas sobre as quais tem pouco controle.

Quando você concentra-se em atrair, ao invés de perseguir, a coisa muda completamente de figura. Ao considerar formas de atrair o objeto do seu desejo, seu foco muda para fatores internos, coisas sobre as quais você tem quase que controle absoluto.

Por exemplo, ao se perguntar "Como posso conseguir mais dinheiro?", a sensação que fica é que o dinheiro está fora do seu alcance.
Você visualiza o dinheiro das outras pessoas, o que é totalmente frustrante, porque sobre isso você não tem controle. Agora, se você perguntar "O que posso fazer para atrair mais dinheiro na minha vida?", note que o foco muda completamente.

A coisa agora é com você – seus recursos, sua experiência, seus conhecimentos, a maneira como investe seu tempo. Essas são coisas que você pode controlar. Quando você concentra-se em atrair, ao invés de perseguir, muitas mais opções realistas se abrem para você.

Então como você pode conseguir algo fora do seu alcance? A maneira mais garantida é transformar-se no tipo de pessoa que atrairia isso para sua vida.

Texto de: Ralph Marston

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Co Dependencia

Quando uma pessoa independente suporta e incentiva a dependência do outro.

Muitas vezes, pensamos que somos a melhor pessoa do mundo porque agradamos aos outros e não a nós mesmos. Interrompemos nossas atividades para atender ao chamado alheio. Fazemos sempre mais do que os outros nos pedem, e, habilidosamente, antecipamos seus desejos e abrimos mão dos nossos com extrema facilidade. Depois, ficamos chateados quando os outros não fazem o mesmo por nós!

Atenção, se você se identificou com esta curta situação, leia com atenção este texto, pois você pode estar sendo um co-dependente: alguém que acredita ser responsável pela felicidade alheia, mas que pouco cuida da sua...

Semana passada, refletimos sobre a dependência sadia; agora, iremos pensar sobre quando a dependência se torna um fato negativo, isto é, quando uma pessoa independente suporta e incentiva a dependência do outro.

Não é simples perceber que estamos fazendo este papel de salvador, pois os co-dependentes têm muita dificuldade de conhecer seus sentimentos: estão habituados a se sacrificar pelos outros e nem se dão conta de que, em vez de controlar a sua própria vida, dedicam todo o seu tempo a controlar a vida dos outros.

Como co-dependentes, dizemos sim, mas na realidade queremos dizer não; fazemos coisas que não queremos realmente fazer, ou fazemos o que cabia aos outros fazer.

Uma atitude co-dependente pode parecer positiva, paciente e generosa, pois está baseada na melhor das intenções, mas, na realidade, é inadequada, exagerada e intrusa. A questão é que os co-dependentes estão viciados na vida alheia e não sabem mais viver a sua própria. Adoram dar, mas detestam receber, seja atenção, carinho ou ajuda. Desta forma, quanto mais se dedicam aos outros, menos autoconfiança possuem. Afinal, desconhecem os seus próprios limites e necessidades!

A co-dependência se inicia quando uma pessoa, numa relação comprometida com um dependente, tenta controlar seu comportamento na esperança de ajudá-lo. Como conseqüência dessa busca mal sucedida de controle das atitudes do próximo, a pessoa acaba perdendo o domínio sobre seu próprio comportamento e vida.

Em outras palavras, se ao nos dedicarmos aos outros estivermos nos abandonando, mais à frente teremos de nos confrontar com as conseqüências de nossa atitude ignorante.
Reconhecer nossos limites e necessidades é tão saudável quanto a motivação de querer superá-los.

Sentir a dor do outro não quer dizer ter que repará-la. Este é nosso grande desafio: sentir a dor com o intuito simplesmente de nos aproximarmos dela, em vez de querer transformá-la de modo imediato.

É preciso deixar claro que ter empatia não tem nada a ver com a necessidade compulsiva de realizar os desejos alheios, própria dos relacionamentos co-dependentes.

Stephen Levine, em Acolhendo a pessoa amada (Ed. Mandarin), nos dá uma boa dica para identificarmos se nossos relacionamentos são saudáveis ou não: Na co-dependência, as balanças sempre pendem para um lado. É freqüente que um tenha de estar ‘por baixo’ para que o outro se sinta ‘por cima’. Não há equilíbrio, somente a temida gravidade. Em um relacionamento equilibrado não há um ‘outro dominante’; os papéis estão em constante mudança. Quem tiver o apoio mais estável sustentará a escalada naquele dia.

A troca equilibrada entre ceder e requisitar, dar e receber afeto e atenção nos aproxima de modo saudável das pessoas que nos cercam sem corrermos o risco de criar vínculos destrutivos. Assim como esclarece John Welwood, Em busca de uma psicologia do despertar (Ed.Rocco): O paradoxo do relacionamento é que ele nos obriga a sermos nós mesmos, expressando sem hesitação e assumindo uma posição. Ao mesmo tempo, exige que abandonemos todas as posições fixas, bem como nosso apego a elas. O desapego em um relacionamento não significa que não tenhamos necessidades ou que não prestemos atenção a elas. Se ignoramos ou negamos nossas necessidades, cortamos uma parte importante de nós mesmos e teremos menos a oferecer ao parceiro. O desapego em seu melhor sentido significa não se identificar com as carências nem com as preferências e aversões. Reconhecemos sua existência, mas permanecemos em contato com nosso eu maior, onde as necessidades não nos dominam. A partir desta perspectiva, podemos escolher afirmar nosso desejo ou abandoná-lo, de acordo com as necessidades do momento.

A empatia começa com a capacidade de estarmos bem conosco mesmos, de reconhecermos o que não gostamos em nós e admirarmos nossas qualidades. Quanto melhor tivermos sido compreendidos em nossas necessidades e sentimentos quando éramos crianças, melhor saberemos reconhecê-las quando adultos.

Entrar em contato com os próprios sentimentos é a base para desenvolver a empatia. Como alguém que desconhece suas próprias necessidades poderá entender as necessidades alheias?

Se você quiser ler mais sobre a co-dependência, leia o livro: Co-dependência nunca mais de Melody Beattie (Ed. Record). Abaixo, seguem alguns itens que, segundo a autora, os co-dependentes adoram fazer:

- Considerar-se e sentir-se responsável por outra(s) pessoas(s) – pelos sentimentos, pensamentos, ações, escolhas, desejos, necessidades, bem-estar, falta de bem-estar e até pelo destino dessa(s) pessoa(s).
- Sentir ansiedade, pena e culpa quando a outra pessoa tem um problema.
- Sentir-se compelido – quase forçado – a ajudar aquela pessoa a resolver o problema, seja dando conselhos que não foram pedidos, oferecendo uma série de sugestões ou equilibrando emoções.
- Ter raiva quando sua ajuda não é eficiente.
- Comprometer-se demais.
- Culpar outras pessoas pela situação em que ele mesmo está.
- Dizer que outras pessoas fazem com que se sinta da maneira que se sente.
- Achar que a outra pessoa o está levando à loucura.
- Sentir raiva, sentir-se vítima, achar que está sendo usado e que não senta sendo apreciado.
- Achar que não é bom o bastante.
- Contentar-se apenas em ser necessário a outros.

Autor: Bel cesar

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Workshop de Terapia de Casal Relacional Sistêmica em BH

Neste Sabado, 10 de Novembro, eu juntamente com mais três colegas de trabalho, Cristiane, Ana Tereza e Leticia, organizamos em Belo Horizonte um Workshop sobre Terapia de Casal Relacional Sistêmica com a Psicoterapeuta Solange Rosset.

Solange Rosset é Psicoterapeuta Relacional Sistêmica em Curitba e nos proporcionou este final de semana em Belo Horizonte a grande oportunidade de conhecer um pouco mais sobre seu belo trabalho. Um exemplo de profissional, pessoa, sabedoria e humildade. Foram muitos aprendizados e trocas enriquecedouras.

Obrigada a todos que participaram deste evento e Obrigada as minhas colegas de profissão que participaram comigo da organização.

Confiram a baixo alguns momentos!!!








EU SOU O OUTRO. O OUTRO SOU EU.

Preste atenção: aquilo que você fala sobre o outro, na verdade é uma projeção sua no outro. Ou seja, você vê no outr
o aquilo que está em você mas você não reconhece em você.

Tem muito você no texto? É de propósito.

Por exemplo: você acha sua vizinha irritante, falsa, esnobe. Então, pare e observe: o que existe de irritante, falso e esnobe em você e que você não reconhece?

É natural nós não nos enxergarmos a não ser que estejamos em frente a um espelho - objeto que deve ter sido criado, acredita-se, no Egito antigo, e que foi muito utilizado pela Rainha Má da história da Branca de Neve -, nós não temos como nos ver. É o outro quem me diz quem eu sou. São os outros que dão dicas, pistas de quem somos, como somos ou de como aparentamos ser quando nos dizem: "Que cara feia é essa?" você pode estar distraidamente sério, nem percebeu, mas está com o cenho franzido, ares de preocupado...não é assim mesmo? Ou ainda quando dizem que você está com um sorriso no semblante, um brilho no olhar e você nem se deu conta disso. É o seu inconsciente se manifestando através do seu corpo ou do seu rosto, através dos seus gestos. "O corpo fala", tem até um livro muito conhecido que trata com propriedade desse assunto.

Muito bem.

Outro ponto: a fala da outra pessoa sobre mim é, na verdade, a minha fala (sobre mim). E eu tenho de entender o que ele fala. Ou seja, alguém diz algo sobre mim que está em mim, eu não reconheço, mas é como se eu estivesse falando de mim mesma. Por exemplo: alguém me diz: Nossa, como você está mau-humorado. É como se eu estivesse falando de mim. Mas como eu não reconheço o mau humor em mim, eu penso que o outro está dizendo isso de mim equivocadamente. Então,pare e pense: estou (ou sou) de fato mau-humorado, desleixado, desequilibrado etc etc etc?

Confuso? Não. Complexo? Sim.

Daí a importância de nós nos conhecermos. Como? olhando para dentro de nós e prestando atenção na fala do outro e na minha fala sobre o outro. Já que o que eu vejo no outro está em mim.

Já colocou um espelho de frente para outro espelho. Faça a experiência.

Somos espelhos uns dos outros. O outro sou eu. Eu sou o outro. O outro é minha sombra, eu sou a sombra do outro. E todos somos um.

Qual a saída para eu ser eu mesma, de forma íntegra e totalmente.

Preciso me conhecer para atender ao que meu EU Superior, ou meu SELF, ou Deus interior, ou partícula divina (depende da crença de cada um) quer que eu faça, atender à minha missão de alma. Se eu não atender ao que o Self quer, eu vou atender ao que o EGO (aquela parte racional que me controla) quer. E o EGO quer atender ao que o outro quer (quando não sabe quem é, quando está identificado com o outro). Daí a importância do AUTOCONHECIMENTO.

Algumas religiões ajudam nesse processo (outras, atrapalham bastante). Mas não são suficientes para alcançarmos bons resultados.

Só uma boa terapia nos ajuda a elucidar quem somos, por que agimos desta ou daquela maneira,por que atraímos isso ou aquilo para a nossa vida (situações que se repetem, pessoas parecidas....), por que temos a sensação de andar em círculos ou para trás, por que nada dá certo comigo, por que sempre me meto em dívidas, confusões, relacionamentos complicados, por que sempre sou traído(a), enfim, por que sou assim, por que funciono assim?

Dá pra mudar? Dá. Mas não é fácil. O caminho é longo, traz angústia. É preciso coragem, disciplina e determinação.

Gente, estou escrevendo isso para mim mesma! Não é sensacional?


Por: Lourdes Maria Rivera
Texto Retirado do Facebook Interação Sistêmica - Adaptado e Resumido para o Blog


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Reflexão do dia: Redes Sociais

Hoje não tem sentido viver sem pensar na maneira como o outro me olha. Deixamos de olhar para dentro de nós para cuidar do olhar do outro sobre nós e no facebook o que mais temos é isso: uma grande necessidade de se fazer ser, mostrar-se e claro mostrar o belo. Claro que não estou generalizando, muitas vezes uma rede social nos é util, principalmente, na era da informação. Podemos contactar um amigo distante, falar dos nossos trabalhos, comunicar, anunciar, mas, ao mesmo tempo, indo além disso não vem deixando de ser um carimbo sobre aquilo que a sociedade nos fala que é valor: o que vale hoje é só a beleza, o poder, a riqueza, a simpatia. Isso é o que devemos TER para SERMOS. E o outro lado? Não vamos entrar em contato com aquilo que não é tão bom e bonito na gente? Isso também é nosso e nos faz crescer e nos permiti ser, apenas, seres humanos com direitos e deveres, perfeições e imperfeições.

Há alguns artigos eu já vinha falando sobre dualidades como: essência X aparência( máscaras), intimidade X lado de fora( máscaras) e mais uma vez venho falar. As máscaras são importantes para serem usadas no social e para nos proteger, já que o que é intimo, o meu lado de dentro não precisa ser escancarado. Mas o que vem acontecendo é que tudo esta exposto demais, escancarado demais, tudo esta no facebook a tempo e a hora e nada esta sobrando para a intimidade, para o lado de dentro, para o que é nosso no particular. Assim não entramos em contato com a nossa essência, colamos estas máscaras e passamos a viver com elas coladas, superficial e virtualmente.

Aquilo que é exposto demais, deixa de existir na intimidade. Fica do lado de fora. E este exagero pela aparência nos faz ser uma pessoa que não somos, porque passamos a ser para agradar o outro. Assim já não sabemos o que é meu e o que é valor para mim, nem quem sou eu. Dessa forma, até as máscaras, a aparência perdem sua função,que em alguns momentos são validas, porque elas nos ajudam a proteger nossa intimidade, ser preservada, mas estando tudo escancarado, pra quê irá valer?

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

“Amor de timeline" (Por Sílvia Amélia)


Texto publicado na Revista Gloss - Set/2012 que fala da exposição exagerada feita por casais nas redes sociais.

Gritar aos quatro cantos o que se sente não aumenta o sentimento.
Somos escandalosamente felizes mesmo é na intimidade.
O casal se beijava com estalos: smaaack! E se agarrava muito na frente de todo mundo. Eu tinha uns dez anos quando vi a cena e comentei com minha mãe o quanto eles eram apaixonados. “Que nada”, ela respondeu. Fiquei indignada! Como ela poderia desconfiar do amor de duas pessoas que demonstravam tanto carinho? “Ah, minha filha, já vivi o bastante para saber que isso não vai durar.” Meses depois, o casamento dos beijoqueiros acabou.

E, finalmente, entendi o que ela quis dizer com: “Quando um casal é realmente íntimo, ele se entende só de olhar e as pessoas em volta mal percebem”. Um sabe o que o outro está pensando. São capazes até de fazer perguntas entre si, dar respostas e se provocar – sem usar palavras. É que a proximidade de um casal é construída durante muitas conversas “em particular”. De vez em quando, me lembro das sábias palavras da minha mãe ao ver casais no Facebook trocando mensagens de amor (públicas!) diariamente. Fotos de línguas se unindo... “Delicinha” pra cá, “Gostosucho” pra lá... Tudo em público, para receber os devidos comentários e curtidas dos amigos.

Ah, quem nunca fez algo parecido? Uma vez ou outra, tudo bem, o amor é mesmo cafona. E ser cafona pode ser bem divertido. Mas, quando a necessidade de demonstrar amor pelo namorado vira um hábito repetido em público várias vezes ao dia, cansa todo mundo: os amigos da timeline e, às vezes, o próprio namorado. Para mim, fazer muito estardalhaço do amor que sente, na maioria das vezes, parece desespero. Desespero em convencer a si mesmo, ao seu parceiro e aos outros de que todo esse afeto é mesmo real.
O amor, para crescer e amadurecer precisa de mensagens pelos inbox do mundo, de bilhetes, telefonemas, conversas ao pé do ouvido. Segredos! Aqueles só dos dois e que ninguém nem iria se interessar em saber. Brincadeiras, histórias vividas offline. Nos tempos em que tudo é anunciado em alto e bom som, a intimidade silenciosa está ainda mais linda. “


Refletindo...

Achei muito interessante este texto e eu como Terapeuta Sistêmica começei a refletir sobre quando temos coisas demais do lado de fora o que resta, o que sobra do lado de dentro? Aqueles relacionamentos que estão demais do lado de fora, para o social, os famosos "casais 20, perfeitos" o que sobra para a intimidade destes casais?

Como você anda construindo sua relação?

E hoje com as redes sociais como facebook, twiter, msn e tantas outras formas de comunicação "virtual" estamos nos apegando a isso ao lado de fora, as aparências, ao superficial e o que sobra para a essência? Não é atoa que as relações estão se tornando cada vez mais descartáveis.
Estamos deixando de lado as dores e delícias da intimidade, a grande chance de aprendizados e trocas para vivermos no superficial, do lado de fora. Como muito bem citado como uma frase que ela gosta muito a Psicoterapeuta Sistêmica Jaqueline Cássia de Oliveira lembra que" amores declarados em público, não rendem no particular"
Vale a reflexão!!!




domingo, 26 de agosto de 2012



Workshop com Solange Rosset em BH. Maiores informações no site www.espacomovimente.com.br ou entrem em contato comigo pelos contatos aqui do blog.




Essas fotos foram de uma noite muito gostosa que estive no Instituto Educacional Apogeu, em Oliveira -MG, dando uma palestra sobre o tema: Pais e Filhos- Uma Relação Delicada. Foi uma troca de aprendizados em que falamos a respeito das relações entre pais e filhos na atualidade em meio ao consumismo, falta de tempo dos pais, já que são mil exigências e funções que esses pais desempenham hoje, trabalho fora de casa...e quando vem a culpa?

Obrigada a Sofia, diretora da escola, e aos pais pela participação e pelas trocas.




Estive nos dias 13 e 14 de agosto deste ano na Escola Planeta Azul em Carmo da Mata -MG dando uma palestra sobre " O Dilema de ser Pais e Casal"...a constituição da familia inicia quando chega um terceiro, o primeiro filho, antes era só o casal...e como se dá a formação do sistema parental? Como separar o tempo do casal depois que chegam os filhos? Como inicia um relacionamento afetivo? Novas funções, novos papéis, crises, ajustes e reajustes...

Foram temas que refletimos nesses dois dias.
Agradeço toda a Equipe da Escola e os pais pela participação. Agradeço, também, a Luciana Corrêa pelas fotos.




Desde quinta-feira da semana passada tivi o grande prazer de fazer um curso sobre Genogramas Familiares, Genogramas Fotográficos e esculturas familiares - A IMAGEM COMO RECURSO TERAPÊUTICO TÉCNICAS PSICO-DINÂMICAS PARA O TRABALHO CLINICO com Rodolfo de Bernart - Psiquiatra, Psicoterapeuta, Fundador do Istituto di Terapia Familiare di Firenze, colaborador de Maurizio Andolfi. Foram três dias de grande aprendizado!!!Quero agradecer Rodolfo por compartilhar sua sabedoria, tranquilidade e humildade com os Terapeutas de Familia aqui no Brasil.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Coragem

A pior coisa do mundo é a pessoa não ter coragem na vida.” Pincei essa frase do relato de uma moça chamada Florescelia, nascida no Ceará e que passou (e vem passando) poucas e boas: a morte da mãe quando tinha dois anos, uma madrasta cruel, uma gravidez prematura, a perda do único homem que amou, uma vida sem porto fixo, sem emprego fixo, mas sonhos diversos, que lhe servem de sustentação.

Ela segue em frente porque tem o combustível que necessitamos para trilhar o longo caminho desde o nascimento até a morte. Coragem.

Quando eu era pequena, achava que coragem era o sentimento que designava o ímpeto de fazer coisas perigosas, e por perigoso eu entendia, por exemplo, andar de tobogã, aquela rampa alta e ondulada em que a gente descia sentada sobre um saco de algodão ou coisa parecida.

Por volta dos nove anos, decidi descer o tobogã, mas na hora H, amarelei. Faltou coragem. Assim como faltou também no dia em que meus pais resolveram ir até a Ilha dos Lobos, em Torres, num barco de pescador. No momento de subir no barco, desisti. Foram meu pai, minha mãe, meu irmão, e eu retornei sozinha, caminhando pela praia, até a casa da vó.

Muita coragem me faltou na infância: até para colar durante as provas eu ficava nervosa. Mentir para pai e mãe, nem pensar. Ir de bicicleta até ruas muito distantes de casa, não me atrevia. Travada desse jeito, desconfiava que meu futuro seria bem diferente do das minhas amigas.

Até que cresci e segui medrosa para andar de helicóptero, escalar vulcões, descer corredeiras d’água. No entanto, aos poucos fui descobrindo que mais importante do que ter coragem para aventuras de fim de semana, era ter coragem para aventuras mais definitivas, como a de mudar o rumo da minha vida se preciso fosse. Enfrentar helicópteros, vulcões, corredeiras e tobogãs exige apenas que tenhamos um bom relacionamento com a adrenalina.

Coragem, mesmo, é preciso para terminar um relacionamento, trocar de profissão, abandonar um país que não atende nossos anseios, dizer não para propostas lucrativas porém vampirescas, optar por um caminho diferente do da boiada, confiar mais na intuição do que em estatísticas, arriscar-se a decepções para conhecer o que existe do outro lado da vida convencional. E, principalmente, coragem para enfrentar a própria solidão e descobrir o quanto ela fortalece o ser humano.

Não subi no barco quando criança – e não gosto de barcos até hoje. Vi minha família sair em expedição pelo mar e voltei sozinha pela praia, uma criança ainda, caminhando em meio ao povo, acreditando que era medrosa. Mas o que parecia medo era a coragem me dando as boas-vindas, me acompanhando naquele recuo solitário, quando aprendi que toda escolha requer ousadia.

Martha Medeiros

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Meu filho, você não merece nada

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir. Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem.


segunda-feira, 25 de junho de 2012

FÁBULA DA CONVIVÊNCIA


Durante uma era glacial muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram o frio intenso e morreram, indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil.

Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro.

E todos juntos, bem unidos agasalhavam-se mutuamente. Aqueciam-se enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso.

Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos. Justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte.

E afastaram-se , feridos, magoados e sofridos. Dispersaram-se por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doía muito ...

Mas, essa não foi a melhor solução : afastados, separados, logo começaram a morrer congelados.

Os que não morreram, voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções e delicadezas , de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro. Era mínima, mas o suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar e sem causar danos recíprocos.

Assim conviveram , resistindo a longa era glacial. Sobreviveram !!!


- Texto extraido do site Interação Sistêmica

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Mãe é Mãe; Filho é Filho!



Vimos muitas mães orgulhosas quando falam que seus filhos confiam muito nelas e que eles têm uma saudável relação de amizade. “Nossa, meus filhos me contam tudo, sou muito mais que mãe, sou uma grande amiga e confidente deles”. Mães, amiga dos filhos?

Sempre falo que mãe precisa ser mãe para filho ser filho, cada um tem seu papel e função dentro da estrutura familiar e são essas funções e papéis, também, o de pai, o de irmãos, marido, esposa que quando estão claras que permitem relações saudáveis, uma comunicação acessível e trocas enriquecedoras dentro do contexto familiar. São os limites e fronteiras que precisam existir dentro das relações, para cada um saber o que é seu e o que não é. O que é função de mãe? O que é ser mãe? E o que é ser filho? Todos têm direitos e deveres – assim são formadas as relações.

Quando estas fronteiras e esses papéis não são claros dentro da família é comum acontecer de filhos ocuparem a função de pai e mãe, ditando as regras dentro de casa, filhos grandes dormindo com a mãe e tirando o pai da cama ou filhos assumindo a função de “cola de casal”, por exemplo.

A função de mãe, de um modo geral, é cuidar dos filhos, proteger, lidar com o lado mais afetivo das relações familiares, colocar limites, mas com amor, cuidar da alimentação e das roupas, mas lembrando, sempre, que cada idade do filho novas funções de mãe vão aparecendo e outras vão deixando de existir. É função de mãe dar autonomia para os filhos, os deixar crescer e caminhar com as próprias pernas. Fazer coisas para e pelo filho à medida que vão crescendo não é função de mãe. Ser amiga dos filhos não é função de mãe. Amigos dos filhos são aqueles que têm a mesma idade que eles, que estudam juntos, saem e brincam juntos. Os filhos, também, precisam ter individualidade, eles precisam crescer, tem coisas que são deles, da intimidade deles que mãe nenhuma precisa saber. Como mães não precisam ter seus filhos como seus confidentes ou companheiros. Companheiro é o marido e as amigas e irmãos estarão lá para serem confidentes.

Outra coisa que não é função de mãe é SER PERFEITA. Mães que querem ser perfeitas talvez estejam procurando filhos perfeitos que, também, não existem.

Essas mães que querem ser SUPER ficam frustradas e se sentem culpadas quando erram, choram, ficam tristes e, às vezes, quando se deparam sentindo raiva dos filhos.

Assim é importante lembrar as mamães que perfeição não existe, muito menos na relação com os filhos.

Antes de serem mães são mulheres e seres humanos que erram, que estão na vida aprendendo e que não têm que concluir, terminar e copiar nada. Ser uma mãe maravilhosa e pronto! Isso não existe. Não existem receitas a serem copiadas. A dica é: sejam SÓ mães, simples mães, mães imperfeitas com seus erros e acertos, dificuldades e potencialidades e cuidem de vocês. Antes de serem mães são mulheres com desejos e necessidades individuais. Cuidando de vocês terão mais energia para viver com os filhos e estarão ensinando para eles cuidar deles mesmos, buscarem a própria felicidade. Ao mesmo tempo, vão dar a chance para eles de serem, apenas, filhos. Não filhos perfeitos.

Texto: Camila Lobato

terça-feira, 22 de maio de 2012

TÊNIS X FRESCOBOL - Rubem Alves

Depois de muito meditar sobre o assunto, conclui que os casamentos são de dois tipos: há casamentos do tipo tênis e do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de vida longa.

Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzche , com a qual concordo inteiramente. Dizia ele : _"Ao pensar sobre a possibilidade de casamento, cada um deveria fazer a seguinte pergunta : Crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice ?" Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.

Nos contos das "Mil e uma noites", Sherazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam com a morte, como no filme "O Império dos sentidos". Por isso, quando o sexo já está estava morto na cama, e o amor não mais podia dizer através dele, Sherazade o ressuscitava pela magia da palavra. Começava com uma longa conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade; é o amor que ressuscita sempre depois de morrer. Há carinhos que se fazem com o corpo e carinhos que se fazem com as palavras. Não é ficar repetindo o tempo todo "eu te amo, eu te amo ".

O tênis é um jogo feroz. Seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva que indica seu objetivo sádico, que é cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar, porque o adversário foi colocado fora do jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza do outro.

O frescobol se parece muito com o tênis : dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la e não há ninguém derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir...

E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos. A bola são as nossas fantasias, irrealidade, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho para lá , sonho para cá. Sonho para lá, sonho para cá...

Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. O jogo de tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo como bolha de sabão. O que busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui , quem ganha, sempre perde.

Já no frescobol é diferente. O sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois sabe-se que, se é sonho é coisa delicada, do coração. Assim cresce o amor. Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então, que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...

terça-feira, 8 de maio de 2012

Brigas de Casais



“É comum se ouvir que casais que se amam não brigam. Não é verdade. As brigas podem ser enriquecedoras. Elas são uma forma de os parceiros mostrarem as suas características e seu potencial, manterem a privacidade e a individualidade. Mas se eles se envolvem tanto na atividade de brigar que perdem de vista a união e o afeto mútuos, o amor corre perigo.” Solange Rosset
Você já parou para pensar como são as suas brigas com seu parceiro? Ou vocês, ou um de vocês são daqueles que evitam o quanto podem as brigas?


A verdade é que não existem relacionamentos sem brigas e crises. Isso faz parte do relacionar. Mas existem aqueles casais que só brigam, toda a energia é consumida nas brigas, mas existem, também, aqueles casais ou um dos parceiros envolvidos na relação que consome toda energia para evitar brigas. Tanto a compulsão por evitar brigas quanto a compulsão de brigar são problemáticas e não trazem consequências saudáveis para a vida a dois. Em ambas as situações não se abrem espaço para a união e para o afeto, porque aquele que evita as brigas, como aquele que só briga contribuem para o impedimento da intimidade e a deterioração da relação.


Talvez uma saída seja aproveitar as brigas para proporcionar mudanças que sejam benéficas para a união. Casais que se amam, tem intimidade e interesse em investir no relacionamento sabem como tornar as brigas uma porta de entrada para aprendizados, para uma relação mais prazerosa. Mas como fazer das brigas um momento de construção e ressignificações?

Então, primeiro, sendo interesse dos dois investirem na relação, o próximo passo é aceitar as diferenças; brigar para convencer o outro de que a sua opinião que é a certa não se chega a lugar nenhum, a não ser em mais brigas. Brigas para se defender, atacar o outro, ou, ainda, quando essas são repetitivas, sempre voltando aos conteúdos passados, nada de proveitoso trarão. As brigas úteis dão oportunidades para os dois falarem e enquanto um fala o outro saberá ouvir, sem interromper e ir logo argumentando; não é permeada por acusações, são feitas críticas construtivas, não se perde de vista o afeto que um senti pelo outro, cada um falará sobre seu sentimento sem julgar o sentimento do outro, enfim ela acontece permeada pelo respeito, pela escuta e com a responsabilização de cada um dos parceiros, não jogando a culpa de tudo só no outro.


Dessa forma, as brigas, na verdade, poderão “ser uma forma de os companheiros se fazerem conhecer, de mostrarem suas características e todo seu potencial para o parceiro, de lutar para manter a privacidade, o espaço, a individualidade. São aspectos importantes e enriquecedores da união.” Solange Rosset

Texto: Camila Lobato

sexta-feira, 4 de maio de 2012

A Matemática de Relacionamentos

Quais sinais tem no seu relacionamento? Muito interessante este video para refletirmos sobre as relações. Se você não é um, mas sim menos um, ou seja, sem os seus valores, desejos, escolhas e indivualidade, o que terá para somar com o outro? Não para completar, mas para complementar! Vale esta reflexão!!!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

FILHOS SÃO COMO NAVIO - IÇAMI TIBA

Vale a pena conferir este Video!!!Lição para a Relação Pais Filhos. Video utilizado por mim na Palestra - Pais E Filhos: Uma Relação Construída, nesta última sexta-feira na Escola Planeta Azul na cidade de Carmo da Mata

terça-feira, 17 de abril de 2012

Trabalho x Lazer

A aceitação ativa dos opostos é a base de todo equilíbrio humano. Nosso mundo é dual: dia e noite, bom e ruim, nascimento e morte, luta e fuga e assim por diante. O lado paterno, lado direito que representa o trabalho, a conquista, o esforço, o social, as obrigações, o árduo da vida e o lado esquerdo que é o afeto, o lazer, o materno, a poesia, o descanso e o amor.

Historicamente esses dois lados sempre estiveram em luta. Na Grécia antiga só as classes baixas trabalhavam e eram mal vistas. Na revolução industrial o trabalho foi exigido como o principal valor social e o lazer passou a ser considerado ruim, apenas tolerado para dar ao corpo energia para o trabalho.

Recentemente, as atividades lúdicas voltaram a ter valor e busca-se um equilíbrio entre as duas estruturações do tempo humano: o trabalho e o descanso. Por formação familiar e social, algumas pessoas supervalorizam um dos lados, gerando um desequilíbrio psicológico nas suas vidas. Muitos conhecem a síndrome da segunda-feira que sucumbe milhares de pessoas, no domingo, ao imaginarem o iminente acordar e recomeçar as lides semanais no trabalho, cheio de rotinas, stress e obrigações.

O leitor acima sofre de outra síndrome antagônica a essa que é o “pânico do lazer”. Milhares de pessoas também sofrem desse mal. Para elas o tempo destinado ao lazer, como férias, feriados, fins de semana ou qualquer dia sem trabalho, vem acompanhado de sintomas emocionais de stress, angústia e crises de ansiedade. Em estado de movimento operativo essas pessoas se sentem bem do ponto de vista físico e quando param o trabalho começam a surgir os problemas.

Atrás desse comportamento existem dois conteúdos psicológicos. A compulsividade e o perfeccionismo. O trabalho, nesse caso, funciona como objeto de compulsão, assim como em outras pessoas é o comer, o comprar, o limpar ou o transar e serve para esconder e driblar numa angústia e depressão não consentidas e, portanto, não tratadas. Pessoas assim são estressadas e ansiosas e por isso mesmo, trabalham mais que dez horas por dia, tem dificuldade em delegar tarefas para seus empregados por seu traço de perfeição que os leva a imaginar que ninguém fará o trabalho melhor que ele. E isso serve também de racionalização para seu comportamento nada racional.

O medo de fracassar e uma tentativa de controlar o futuro podem estar também atrás dessa aversão ao lazer. A frase americana “time is money” (tempo é dinheiro) assim como a famosa fábula de La Fontaine, a formiga e a cigarra são incentivadores culturais para a manutenção desse comportamento. E o que agrava é que a pessoa acometida por esse desvio imagina ser impossível um equilíbrio que lhe permita viver bem no trabalho e fora dele. Por outro lado encontramos muitas pessoas que conseguiram uma harmonia entre seus lados.

Inúmeros executivos, assoberbados com suas tarefas empresariais, aprenderam e conseguiram um estilo de vida que lhes permite viver com a família, desenvolver hobbys relaxantes e levar a sério o lado engraçado da vida.

A antiga pergunta popular: Você trabalha para viver ou vive para trabalhar? Ou então: Você veio a este mundo a passeio ou a negócios? Podem servir de reflexão para aqueles que precisam mudar seu comportamento obsessivo para o trabalho.

Se queremos uma melhor qualidade de vida, se desejamos evitar o descontrole de ansiedade, tal como o stress agudo ou a depressão profunda, temos de buscar o saudável equilíbrio entre o repouso e o trabalho. Em casos mais graves a solução é procurar tratamento com especialistas emocionais e paralelamente se dedicar a atividades que reeduquem seu corpo para o relaxamento: exercícios físicos, meditação, ioga, massagens, oração, podem ajudar no relaxamento e desligamento do trabalho.

No início será um pouco penoso, mas com o tempo o corpo descobrirá o prazer que estava perdendo e aprenderá a gostar de trabalhar e brincar, síntese básica para a verdadeira felicidade.

Antônio Roberto
Publicado Coluna Bem Viver do Jornal Estado de Minas

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A posição de vítima

Do lado de uma pessoa que se faz de vítima sempre estará o culpado. O culpado pode ser o marido, a namorada, a professora, o patrão e, até, eventos externos ou instituições: escola, o trabalho, a igreja, o acidente, a doença e assim por diante.

A posição de vítima faz com que a pessoa não responda pelos seus sentimentos, emoções, comportamentos e escolhas. Ela sempre sofrerá alguma coisa, por isso o culpado anda do lado da vítima. É mais fácil culpar um evento ou algém quando as coisas não dão certo. O vitimizado nem se preocupa em mudar ou fazer diferente, ele não tem culpa de nada, dessa forma ele se exime de qualquer responsabilidade. Fica a espera do mundo inteiro mudar para que ele pare de sofrer. É uma pessoa passiva em relação a ela mesma.

É mais fácil ser vítima, porque seu único esforço e trabalho é de se queixar, mas o que as pessoas que assumem essa posição não sabem é que elas mesmas encaminham-se para um beco sem saída, podendo chegar a uma depressão. O caminho para a felicidade e o sucesso é oposto disso.

Quando a vítima tenta encontrar o culpado para tudo ela mesma esta se enforcando com sua própria corda, cada vez mais ela vai mantendo o problema próximo dela, já que ela perde a responsabilidade por si mesma e não pode fazer nada.

A felicidade e o crescimento esta perto de nos quando apoderamos de nossos problemas, temos consciência dos nossos limites e potencialidades, quando podemos responder pelo o que nos acontece, tanto de bom quanto de ruim. Isso nos leva sermos ativos, tomar atitude. Nada melhor do que sermos donos da nossa própria vida e é isso que a vítima nunca será. Quando somos vítimas estamos presos, sem liberdade.

Nosssos desejos, sonhos, objetivos só serão alcançados quando começarmos a tomar atitudes, quando começarmos a construir os nossos caminhos, aprender com os erros, superar obstáculos e vibrar com as vitórias. Nada melhor do que participar da própria vida, sair da posição de objeto e virar sujeito. Quando nos tornamos sujeitos teremos a chance de aprender mais e mais e saberemos que viver não é fácil é “descer vales e subir montonhas”, carece de coragem, mas como é gostoso e rico.

“Deixa a chuva te avisar que o sol vai brilhar para você” (Charlie Brown Jr.). Sem a chuva não tem sol, então vamos aproveitar os dias chuvosos também, alguma coisa eles vão nos dizer. Saia do jogo da culpa e da posição de vítima, seja você mesmo o próprio escritor da sua vida.

Texto:Camila Ribeiro Lobato

domingo, 25 de março de 2012

A procura da felicidade

O maior segredo para a felicidade é compreender e aceitar algumas coisas da vida. A primeira delas é a compreensão da transitoriedade da existência, e é da realidade humana a transformação, a mudança, a passagem e a impermanência. Os grandes problemas das pessoas estão relacionados a isso: o envelhecimento, a doença, as separações, as perdas e a morte. Lidamos mal com esses fenômenos porque nos deram um profundo desejo por segurança, estabilidade e permanência, daí nossa resistência às mudanças e nosso apego às coisas e pessoas. Sofremos pelo fato de o mundo ser de uma forma da qual não gostamos, e ao invés de aprendermos no decorrer da vida, a gerenciar melhor os inevitáveis fatos negativos, gastamos uma quantidade enorme de energia para controlá-los.

A depressão é um exemplo típico de quem se entristeceu profundamente pela vida der como ela é. A vida é para ser vivida e não para ser mantida. O casamento, a família, o trabalho e as relações são para serem usufruídos e não para serem conservados. A auto-estima é a base para a felicidade, a auto-aversão é origem de muito sofrimento.

Quando nos aceitamos, há uma grande chance de transformação e de crescimento pessoal. Quanto ao prazer, temos duas possibilidades de orientação: ou somos orientados para a felicidade e o prazer ou para o controle e o poder. A felicidade é uma disponibilidade para a vida e, portanto, para a alegria, o prazer e a plenitude. Não podemos, no entanto, confundir essa predisposição com a necessidade compulsiva para o prazer imediato, tanto o meu prazer quanto a realidade fazem parte da vida e às vezes temos de abrir mão dele ou adiá-lo em vista das conseqüências. Quando estamos disponíveis para a vida, somos abertos ao prazer e às dores necessárias. O pesar, a tristeza, a raiva diante de uma morte, por exemplo, são necessárias para resolução interna da perda, e a Flávia pergunta ainda sobre o valor das relações afetivas na nossa qualidade de vida.

O homem é um ser relacional, tudo na vida humana está inserido em relacionamentos. Sem as relações nós nem saberíamos quem somos, e falar que alguém é feliz, é o mesmo que dizer que ele tem bom relacionamento consigo mesmo, com as pessoas e com as coisas. As relações ligadas à família e à amizade são também fundamentais para nosso equilíbrio psicológico e, portanto, na qualidade de nossa vida. Todas as outras relações, embora importante, são secundárias frente a essas. A relação de trabalho se destaca por fornecer meios que viabilizam as outras relações e por permitir a expressão do nosso potencial e pela quantidade de tempo que dedicamos a ela. A relação social, pública é periférica. A sociedade inverteu tudo, colocando as relações sociais e do trabalho em primeiro lugar e as relações familiares, amorosas para depois. Isso, porém, não significa que as pessoas só serão felizes se estiverem casadas ou namorando. Confundimos freqüentemente o amor com as molduras sociais do amor e o que nos faz felizes é nossa capacidade de amar e sua expressão e não, como nos ensinaram, possuirmos ou sermos possuídos por alguém. Com o tempo, serei feliz?

A felicidade, assim como a sabedoria, não é uma questão de tempo. Conheço pessoas idosas que não sabem viver bem e pessoas jovens que o sabem. O importante é a compreensão da vida. Temos de nos dedicar a este caminho e nos perguntarmos continuamente: o que podemos fazer para melhorarmos nossa qualidade de vida. Temos de expandir nossas procuras: terapias, leituras, atividades corporais, caminhos religiosos, tudo que possa nos ajudar nessa busca. Devemos aprender a felicidade, pois a sociedade nos ensinou a infelicidade. O sucesso pessoal (não o sucesso social e profissional) é possível a todo mundo, e é nossa obrigação conquistá-lo, independente de posição social, do peso, da beleza, da altura, da origem familiar, da saúde, do fato de estar com alguém, ser feliz é estar em conexão consigo mesmo, se sentir inteiro e, sobretudo, amar.

Antônio Roberto
Publicado Coluna Bem Viver do Jornal Estado de Minas

terça-feira, 20 de março de 2012

Sintoma Sexual na relação conjugal

As dificuldades e/ou sintomas sexuais não devem ser ignorados pelo casal. É claro que uma boa vida sexual não é a solução ou a garantia de que o casal viverá bem, mas poderá contribuir na solução e/ou evitar alguns problemas.

A sexualidade é um dos instrumentos dentro da relação, significa o contato físico mais intimo do casal, assim os distúrbios e/ou sintomas sexuais são conseqüências de distúrbios e dificuldades da relação, este conteúdo virá para mostrar o que esta acontecendo entre os parceiros e que, por não ter sido mostrado de forma clara, vem metaforicamente através desses sintomas sexuais.

Muitos sentimentos que não são expressos no cotidiano vão para cama como sintoma.
Como colocado pela Psicoterapeuta Relacional Sistêmica Solange Rosset em seu livro, O casal nosso de cada dia, a falta de respeito pelas características do parceiro pode vim como falta de interesse sexual; a mágoa pela desqualificação que recebe do outro pode vim na forma de ejaculação precoce ou falta de prazer sexual.

Outra questão muito comum entre os parceiros é o ressentimento que acaba, também, se transformando em problemas sexuais.

O ressentimento pode aparecer naqueles casais que pouco conversam ou não negociam de forma clara, não falam de suas insatisfações ou sentimentos e não lidam ou não dão importância para as diferenças individuais de cada um, tudo isso vai sendo empurrado com a barriga ou como dizem por ai “ colocam-se panos quentes”. A conseqüência disso é o ressentimento que se torna desejo de vingança. Esse desejo de se vingar do parceiro, na maioria das vezes, é inconsciente e pode aparecer na forma de sintomas sexuais.

Assim é comum culpar o outro pelo fracasso sexual. Esquecem que num relacionamento tem 50% de cada um. Qual é a sua responsabilidade nisso? Essa é uma pergunta importante para cada um dos parceiros refletirem e, depois, juntos encontrarem alternativas de mudanças.

O sintoma sexual é uma alerta, um denunciador da relação; não deixem de prestar atenção.

Texto: Camila Ribeiro Lobato

quarta-feira, 14 de março de 2012

O CONFLITO - A MULHER E A MÃE - livro de Elizabeth Badinter

As mulheres hoje são menos livres do que nos anos 70 e 80, em pleno auge do feminismo?

Será que não temos mais direito a ser mães imperfeitas ou simplesmente renunciar à maternidade?

Por que as mulheres continuam a se culpabilizar em relação a seus filhos?

Neste seu novo livro,O Conflito - a mulher e a mãe, lançado em 2010 na França, Elisabeth Badinter mais uma vez aponta com grande acuidade, para a situação de impasse que a mulher está vivendo nos dias de hoje. O que para a filósofa significa um retrocesso em relação às conquistas da época feminista. ”À força de escutar o elogio às virtudes da maternidade feliz, do aleitamento materno como uma realização feminina, a seu talento indiscutível para modelar o destino de seus filhos, bonitos e inteligentes, as mulheres se deixaram adormecer” alfineta Badinter.

Para ela, os responsáveis por esse retorno à tirania da maternidade são inúmeros: em primeiro lugar, o mercado de trabalho, em seguida certos pediatras « reacionários” , as cruzadas em prol do aleitamento materno e as feministas naturalistas. “Os discursos de todos estes grupos, que eu não misturo, se congelaram em torno da idéia da boa mãe ecológica » analisa Badinter. “O que eu denuncio é um discurso que não leva mais em consideração a ambivalência materna. As mulheres hoje não têm mais a liberdade de dizer não”.

Autor Desconhecido - Tirado do site BiblioFrança

quarta-feira, 7 de março de 2012

O Mito da Mulher Poderosa

Vivemos em uma época em que as mulheres conquistaram um grande espaço e muitos papéis. Mais que mãe, avó, esposa, dona de casa, essas mulheres vem se ousando no mercado de trabalho desde a Segunda Guerra Mundial, que por falta de mão de obra masculina, começaram a conquistar seu lugar neste mundo globalizado e competitivo. Então falar de uma mulher seria um equívoco. Na verdade, são várias mulheres dentro de uma mulher.

As mulheres com seus vários papéis e assumindo cada vez mais funções, buscam resolver tudo que aparece no seu dia e nas suas relações, podendo correr o risco de esquecerem de si mesmas e considerar seus desejos e sonhos.

Às vezes com tantas tarefas o sentimento final é de frustração por não dá conta de fazer tudo. A mulher contemporânea conquistou tanto espaço, mostrou tanto resultado e desempenho que procura uma perfeição em todas as execuções de seus vários papéis, que não existe, e isso se torna um mal para elas mesmas. Não sabem que é natural que algo sai mal feito. Então desperta uma cobrança interna que consome toda sua energia, fazendo um mal para o interior delas mesmas.

Hoje pode-se falar que estamos vivendo um mito que as mulheres carregam de serem “poderosas” quase que 24 horas por dia, tendo que executar todas as tarefas e com total perfeição. O MITO da mulher poderosa. Essa posição retira as mulheres de outra posição que é a de serem humanas com imperfeições e limitações. Nem sempre dá para fazer tudo bem feito no momento certo. Precisamos dividir tarefas, delega-lás para os outros quando não damos conta.E isso é o que as mulheres não vem fazendo.

Com isso os homens, por sua vez, estão ficando cada vez mais recolhidos e assustados. As mulheres querem dar conta de tudo e serem melhores em tudo.

Assim essa imagem de mulher que vem sendo construída não deixa espaço para os homens desempenharem seus papéis e para as diferenças de gênero. Será que isso não esta correlacionado a tantos conflitos entre os casais? Talvez as mulheres queiram uma igualdade com o outro sexo que não existe desde bases biológicas e genéticas. Homem é diferente de Mulher. O enriquecedor é lidar com as diferenças.

Então mulheres voltem para vocês mesmas tire um tempo para vocês, reflita. A sensibilidade, sensualidade, leveza são características femininas. Busquem o tesouro da Feminilidade que existem em cada uma. Reserve um tempo para vocês. Aproveitem seus potenciais e habilidades, mas saibam reconhecer seus limites.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Convido todos vocês para a palestra que acontecerá em Belo Horizonte, ministrada por mim e Maria Carolina,também, Psicologa sobre a Sindrome da Mãe Perfeita. Será um prazer para nos a presença de vocês para discurtimos e compartilharmos idéias sobre a maternidade...as dores e delicias...as possibilidades e limites de ser mãe...a mãe pode ser vista, ou melhor, deve fazer de tudo para ser perfeita? È possivel???
As vagas são limitadas e o evento será gratuito!!!



terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A ESTÓRIA DO BAMBU CHINÊS

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por aproximadamente 5 anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a partir do bulbo.
Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu, mas ..... uma maciça e fibrosa estrutura de raiz que se estende vertical e horizontalmente pela terra está sendo construída.
Então, no final do 5º. Ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros.

Um escritor de nome Covery escreveu:

“Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento, e às vezes não vê nada por semanas, meses ou anos.
Mas se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5º. ano chegará, e com ele virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava....”
O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos projetos e de nossos sonhos......
Em nosso trabalho especialmente, que é um projeto fabuloso que envolve mudanças de comportamento, de pensamento, de cultura e sensibilização, devemos sempre lembrar do bambu chinês para não desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão.

Procure cultivar sempre dois bons hábitos em sua vida:
A persistência e a paciência, pois você merece alcançar todos os seus sonhos!

“É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo muita flexibilidade para se curvar ao chão.”

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

" Amar o que eu sou
Todo indivisível que constitui o ser e o acontecer do meu
corpo
no espaço e no tempo

Amar as coisas que eu estou fazendo e o
modo como eu as faço.

Amar as minhas limitações,
como amo as minhas possibilidades
e nos meus acertos e erros amar o meu projeto
que vai se transformando em obra no
trabalho da construção de mim mesmo.

Amar-me como eu estou aqui e agora
vivendo a vida simplesmente,
naturalmente como o ar que eu respiro
o chão que eu piso as estrelas que eu sonho..."

Parte do Livro Eu,comigo, aqui e agora de Geraldo Eustáquio de Souza.
Fica uma dica de leitura, um livro pequeno, mas de grandes palavras
que irá te levar para uma bela e dificil viagem para dentro de você
mesmo. Você mesmo = o lugar das possibilidades e limitações, mas o lugar
mais lindo, cheio de recursos quando visitado e vivido no real da vida!!!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Até onde vai a sua vaidade?

Partindo do senso comum para entender os significados da palavra vaidade temos: pessoa que cuida da sua aparência, que sai bem vestida, que cria uma imagem para transmitir para os outros com o desejo de ser admirada. Então, qual o problema de sermos vaidosos?

A vaidade, já dizia alguns profissionais, é a distância do que eu sou e o que eu exijo de ser para agradar aos outros.

Talvez não tenha nada demais cuidar e preocupar com a aparência. A aparência é o nosso lado de fora, aquele que é apresentado no exterior, na relação com o outro.

Mas viver de cuidados com a aparência e esquecer-se da essência, ou ainda, acreditar que cuidar da aparência trará grande e valiosa repercussão interna; talvez ai esteja a morada de grandes dificuldades e problemas.

Ficar preso a nossa aparência nos mostra que somos uma pessoa vazia do lado de dentro, de olho no lado de fora, no que os outros vão pensar.

A vaidade faz parte de um jogo que a imagem e a aparência são tudo e nada sobra para a essência. O vaidoso não tolera ser quem ele é e busca reconhecimento externo, acredita que só será alguém se tiver o reconhecimento dos outros, assim ele é vazio por dentro.

O que não se sabe ou não queremos saber é que apoiar, somente, neste mundo externo, das aparências pode nos trazer adoecimento emocional, porque neste lado o que vale é a beleza, o status, a quantidade de dinheiro, o poder, a bondade, a caridade. O ser, a essência, ser o que é, porque se sente bem e assim construir os seus valores, ter autonomia, autenticidade é a construção do mundo interno; isso pouco vale para o lado de fora. Mas é o que nos leva a crescer, construir, desconstruir; são os nossos valores. Sou o que sou. Quem tem mundo interno é mais feliz, não precisa se fazer por outra pessoa quando esta em público, ele sabe dos seus valores.

O vaidoso não sabe pedir e na, maioria das vezes, não sabe relacionar. È dependente da aprovação externa.

Então vamos diminuir esta distância entre o mundo interno e externo, construir os nossos valores e ir em busca da nossa essência? Atenção!!! Não falo de deixar de lado a nossa aparência, as nossas máscaras, já que elas são muito válidas também e são elas que nos permitem viver em socidade. Mas falo de não se esquecer da nossa essência e construir algo interno, aquilo que diz respeito a intimidade. Falo de diminuir a distância entre essas duas faces que nos permiti ser seres humanos em evolução – são os dois lados da mesma moeda.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Uma dica para a Relação Pais e Filhos

" O medo de errar pode paralisar o elefante. Não há pais que queiram errar com os filhos, pelo contrário. Por medo de errar é que acabam errando, pois não estabelecem limites. Só um erro não traumatiza o educando. O que distorce a educação é os pais frequentemente deixarem de agir quando necessário. Mas a vida oferece muitas oportunidades de compensar o prejuízo.

Uma atitude adequada tomada em relação a um filho nem sempre é percebida na hora, e sim pelos resultados que se observam ao longo do tempo. Educar dá trabalho, e os bons frutos, na grande maioria dos casos, são colhidos pelo resto da vida.

Uma criança feliz não é chata. Ela se satisfaz com as coisas que faz, não exige que o outro seja a fonte de sua felicidade.

Criança feliz é como um carro de corrida: só faz pit stop com os pais para abastecer. Quanto mais saudáveis são os filhos, mais exploram o mundo em velocidade condizente com o local e menos desastres provocam na corrida."

Parte do livro "Quem ama, educa" - Içami Tiba

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Difícil mesmo é ser diferente, individuado. Pertencer e não pertencer. Parecer e não parecer. Para deixarmos de sermos cópias e nos tornarmos indivíduos diferenciados das regras familiares, dos mitos, dos segredos, das loucuras e doenças familiares precisamos conhecer melhor as nossas raízes.

Através da metáfora da árvore, representamos uma família. As raízes representando a família ampla; o tronco representando a família de origem; os galhos e ramos representando a família atual. A árvore genealógica ou genograma informa sobre seus membros e suas relações em três gerações no mínimo. Destacamos os fatos, suas repetições, suas exceções, seu padrão interacional, o que vai permitir uma visão melhor desta família. Desta forma, somos capazes de ordenar fatos, acompanhar os movimentos de mudança, perceber os ciclos vitais e suas passagens. E quanto mais conhecermos as histórias familiares, mais ampliamos nossa CONSCIÊNCIA e assim, podemos nos tornar livres para fazer novas escolhas, novos caminhos ainda não trilhados e percorridos.

E a terapia de abordagem Sistêmica trabalha enfocando a família e a herança transgeracional, questionando as crenças, as figuras míticas dos pais, avós, (heróis ou bandidos). Romper essas barreiras dos mitos e dos segredos estabelecidos nas famílias, devolvendo a seus membros a possibilidade de traçarem seus próprios destinos é a tarefa fundamental do terapeuta sistêmico!

Parte do Texto Tributo Familiar elaborado por: Jaqueline Cássia de Oliveira - Julho/2005

A escolha profissional: uma visão ampliada

A adolescência como uma das fases do desenvolvimento é marcada por algumas características que são comuns a maioria dos jovens. Podemos falar que é uma fase da vida que a pessoa irá escolher e construir o adulto que ele deseja ser. Como muito bem colocado pela Psicoterapeuta Relacional Sistêmica, Solange Rosset, “é a época da vida para checar valores, definir gostos e preferências, descobrir habilidades e incompetências. E, mais importante ainda, decidir de que forma vai ler sua história e quais capítulos vai escolher escrever”.

Assim falando em escolhas e construção de valores é a época, também, da escolha profissional. A escolha profissional esta diretamente relacionada à escolha de como se quer inserir no mundo, como quer estar no mundo. Não é uma escolha fácil. Não é um evento isolado, junto a ela várias outras escolhas, maiores ou menores, estão sendo colocadas em questão.

A escolha de uma profissão, muitas vezes, esta relacionada à busca da própria felicidade, isso porque é muito comum ligarmos a escolha adequada com nossa felicidade e bem-estar futuro, além da busca pela segurança e satisfação pessoal. Assim este momento levará a pessoa a questionar outros setores da vida, como a vida afetiva, familiar e a vida em grupo.

Além disso, não se pode deixar de pensar que a pessoa que escolhe uma profissão, esta inserida em um contexto, tem uma história pessoal e relacional que vem sendo construída desde seu nascimento, faz parte de uma família que tem expectativas, tem uma determinada situação social, cultural e econômica, tem oportunidades educacionais favoráveis ou não. Assim tem todo um contexto e situação que influenciará na decisão ocupacional que não se limita, apenas, as disposições internas.

Talvez não temos noção do quanto os fatores familiares interferem na escolha profissional. A família é o principal grupo de participação neste momento. Assim os valores da família, o que é passado para os filhos sobre as profissões, como é o grau de satisfação/insatisfação dos pais ou pessoas próximas desses jovens com suas profissões influenciará diretamente aquele que escolhe uma carreira.

Existem famílias que tem suas regras e idéias sobre trabalho, qual tipo de trabalho é mais valorizado, qual é mais promissor e irá tentar impor isto para os filhos de forma direta ou indireta, sem permitir que estes formulem suas próprias crenças. Ou ainda aquelas famílias que exigem que siga a tradição familiar de certa profissão, mesmo não sendo a vontade da pessoa. E de uma forma positiva, aquelas famílias que são mais flexíveis que permitem que os filhos façam os seus movimentos e que encoraja a sua autonomia pessoal para fazer a sua escolha.

Por fim, falar de escolha profissional implica em pensar, também, na dimensão temporal, porque escolher hoje o que se quer no futuro implica reconhecer o que fomos. Como bem colocado por Solange Rosset, é importante a pessoa integrar “essa temporalidade, pois o momento da escolha é um presente que irá definir um futuro a partir das referências passadas que a pessoa tem. Esta questão fica ainda mais complicada para o jovem, devido ao período pelo qual está passando, onde seu único referencial de eu é o seu "eu fui" que está em fase de transição.”

Camila Ribeiro Lobato